4501: 2008

sábado, 5 de julho de 2008

A CASA

A Casa

eu conhecia a distância entre as paredes. caminhei muitas
vezes pelo corredor. a sala: o sofá grande, a janela fechada
para a rua, o quadro bonito e antigo: a sala: estas palavras e
este verso podiam ser o corredor se as palavras fossem
a tinta nas paredes: a cozinha: a mãe a contar-me
histórias, a mesa, a água que lavava os talheres, o lume do
fogão. a cozinha era onde estávamos felizes.
quero que a casa fique desenhada:
quarto, escada , despensa, sala,
casa de banho, corredor corredor,
cozinha cozinha, escritório.
depois, subia as escadas:
despensa, quarto, quarto,
despensa, corredor, casa de banho,
despensa, escadas, quarto.
depois, descia as escadas.
eu, na cozinha, chamava a minha mãe. a minha voz: mãe.
a minha mãe respondia-me: estou aqui. e estava num dos
quartos de cima. eu subia as escadas para a encontrar.
de manhã, eu acordava e descia as escadas.
sem que eu soubesse, os anos passavam na casa. sem que eu
soubesse, a minha mãe e o meu pai envelheciam. a casa era
toda de claridade e eu não sabia que iria envelhecer assim que
saísse de casa.
havia janelas e havia portas. eu subia para cima de cadeiras
para abrir as janelas. da janela do meu quarto, via o mundo.
sei hoje que poderia ter vivido sem mais mundo do que esse.
sei hoje que transformei o mundo todo nessa casa. chamo a minha
mãe. está num dos quartos de cima. está muito longe. chamo o meu
pai. está muito longe.

José Luís Peixoto
A Casa, a Escuridão
Lisboa, Temas e Debates, 2002

Canon 350D, objectiva kit 18-55.

1/2, f3.5, 100 ISO, F=21mm (equiv. 34mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.

1/30, f4.5, 100 ISO, F=34mm (equiv. 54mm).

Ana Neto

sábado, 19 de janeiro de 2008

série 3 - repetição

Cruzando leitos de rios brilhantes na luz do amanhecer, onde a água é dourada ao sol. Venho pelas margens, onde a fantasia é livre e o sol vai subindo . Observo as silhuetas da árvores silenciosas e dançando nos céus canções de pássaros testemunham o mistério da vida. Permaneço nas margens, onde o rio encontra a terra, não me preocupando com o amanhã que deve esperar. Cheiro a água doce, sinto o vento nos cabelos e com tristeza hesito, sendo roubada para longe das águas do rio.

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/160, f11, 400 ISO, F=21mm (equiv. 34mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/25, f11, 400 ISO, F=33mm (equiv. 53mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/2000, f11, 400 ISO, F=45mm (equiv. 72mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/640, f11, 400 ISO, F=53mm (equiv. 85mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/640, f11, 400 ISO, F=52mm (equiv. 83mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/400, f11, 400 ISO, F=55mm (equiv. 88mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/4000, f11, 400 ISO, F=52mm (equiv. 83mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/800, f11, 400 ISO, F=49mm (equiv. 78mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/800, f11, 400 ISO, F=54mm (equiv. 86mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/3200, f11, 400 ISO, F=50mm (equiv. 80mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/500, f11, 400 ISO, F=34mm (equiv. 54mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/800, f11, 400 ISO, F=39mm (equiv. 62mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/1250, f11, 400 ISO, F=46mm (equiv. 74mm).

Canon 350D, objectiva kit 18-55.
1/1000, f11, 400 ISO, F=25mm (equiv. 40mm).

sábado, 5 de janeiro de 2008

série 2

Apesar das instituições culturais serem débeis, há sempre aquele local privilegiado onde as pernas não se cansam de dançar e onde nas mais diversas perspectivas se verifica a vontade de contemplar o belo.